Entrar no Cemitério da Soledad (como é chamado) é esquecer o que tem em volta. É uma vigem ao passado, mais precisamente para 1850.
Um surto de cólera, febre amarela e varíola matou mais de 30 mil pessoas em Belém do séc. 19. As cidades precisavam de saneamento e de cemitérios. O terreno que atualmente ele ocupa, não é um terço de seu tamanho original. pra quem conhece Belém, ele ia até o Manoel Pinto da Silva.
O que sobrou dele está hoje emprensado entre prédios e ruas barulhentas e poluídas. Tudo isso encobre uma história singular, tanto em sua inauguração, para abrigar os mortos das surtos, quanto em seu abandono. Em 1880, a composição de seu solo foi considerada indigna pelo seu governante e seus ilustres habitantes, que pensaram que o solo barrento não os merecia. E ele foi fechado.
Neste pequeno espaço, ou melhor, nesse museu a céu aberto, ainda restam alguns mausoléus e túmulos lindíssimos. Ecléticos em estilo neoclássico e gótico predominam. Uma cruz no corredor que leva da entrada à capela é o único obstáculo nesse corredor. Tudo está muito deixado à ação do tempo, mas mesmo assim ainda se realizam visitas (todas as segundas) e uma procissão de velas, de noite, realmente impressionante e sinistra. Pois as pessoas acendem velas pros túmulos e mortos, muitas vezes com os seus ossos expostos e suas urnas violadas.
Na frente do Cemitério da Soledad, há um outro cemitério, israelita, também emprensado, num terretno muito menor. Na imagem do Google Earth, abaixo, à direita, entre os pontos amarelos, está o cemitério isrraelita, também abandonado.
Atenção especial para o pórtico da entrada principal. Qualquer semelhança com um egípcio, é mero ecletismo.