Olá, gente boa!
Estamos com quase cinco anos de blog e ainda neste ano completaremos um milhão de acessos. Isso é muito bom e fico grato aos leitores que me seguem e sempre estão passando por aqui. É um trabalho que desenvolvo com muito afeto e o nome que criei - Lugares Esquecidos - já é bem comentado por aí. Graças a vocês.
Quero então mostrar numa só postagem os lugares abandonados que visitei aqui na capital do país, que pesar de ser uma cidade relativamente nova - 54 anos - em seu processo de amadurecimento e estabelecimento como capital do Brasil, já possui seus lugares abandonado, como toda cidade. Nisso Brasília se compara a qualquer outra cidade brasileira e mundial - a geração de anti lugares ou não lugares.
"O não-lugar é diametralmente oposto ao lar, à residência, ao espaço personalizado. É representado pelos espaços públicos de rápida circulação - como aeroportos, estações de metrô e pelas grandes cadeias de hotéis e supermercados..." (Marc Augé). Nesse contexto também se insere o local abandonado na cidade, pois, depois de esquecido, torna-se forçadamente um espaço público de rápida permanência por vários personagens que já conhecemos muito bem: os sem tetos, viciados, pessoas mal intencionadas, pessoas que vão para se reunir sem intenção do mal, fotógrafos, exploradores urbanos, vândalos, curiosos, casais e por aí vai.
As Ruínas da UNB
Vamos começar pelo primeiro lugar que visitei e que foi também a primeira postagem do blog.
Construído durante o período militar militar pela Escola Superior de Guerra (ESG), instituição responsável pelo planejamento estratégico da defesa e da segurança do Brasil. O prédio abrigaria a sede da escola, hoje localizada no bairro da Urca, no Rio de Janeiro. No governo de Emílio Garrastazu Médici, foi aprovada a transferência da escola e a obra iniciou-se no ano seguinte com um projeto de Sérgio Bernardes, arquiteto que responsável pelo mastro da bandeira, na Praça dos Três Poderes, e o Centro de Convenções Ulysses Guimarães em Brasília.
O prédio de Bernardes seria de três pavimentos, 140 metros de extensão e 20 metros de largura nas extremidades de um triângulo chanfrado nas pontas. Teria 5 auditórios e muitas salas de uso administrativo e pedagógico. A construção, instalada na beira do Paranoá, ficaria, em parte, dentro da água - uma inovação para a época. O prédio comporia um plano urbano-paisagístico acrescentados de bosques e gramados, segundo o autor do projeto. O projeto, porém, nunca seria concluído. Como o arquiteto propusera uma aproximação com estudantes e com a universidade numa abordagem conceitual diferente para o projeto da escola, da noite para o dia, todos os projetos de Bernardes foram cancelados, e sem o dinheiro previsto, o arquiteto se viu imerso em dívidas, declarando falência de seu escritório nesse mesmo período. Os ditadores militares não toleraram as ideias "comunistas" do arquiteto.
O imóvel hoje tomado, em parte, pelas águas do lago, faz parte do programa Brasília Cidade Parque, administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), mas ainda não há previsão de obras na área.